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Artigos

Profª. Drª. Ana Carolina do Nascimento Alves

 

Avaliação pré-anestésica 

 

     Para que a anestesia possa ser conduzida de modo adequado e satisfatório, exige-se uma avaliação prévia do paciente a ser submetido à cirurgia, como revisão ao histórico clínico, exame físico, exames complementares e por fim, uma avaliação de risco e estado físico. Essa avaliação pré-anestésica visa a correção dos desequilíbrios orgânicos do paciente antes que o mesmo seja submetido à anestesia, minimizando as possíveis complicações decorrentes destas alterações (Laredo et al., 2001).

     Inicialmente, deve-se realizar a anamnese do paciente, entrevistando seu tutor acerca do problema clínico que o animal está apresentando e o impacto que o mesmo tem causado no seu estado geral de saúde (Shmon, 2007). Por meio deste histórico podem ser identificadas patologias anteriores, doenças atuais, fatores de risco, saber o que já lhe foi prescrito e se já houve reações adversas a algum medicamento (Bednarski et al., 2011). Em seguida, identifica-se o paciente, de modo a determinar problemas de saúde inerentes à idade, raça e sexo (Shmon, 2007).

     No exame físico do paciente, deve-se verificar o peso corporal atual do paciente e avaliar o seu escore corporal. Os sinais vitais devem ser aferidos: frequência cardíaca (em batimentos por minuto), pulso, frequência respiratória (em movimentos por minuto) e temperatura corporal (em graus Celsius) (Birchard and Sherding, 2008). Devem ser considerados ainda os seguintes parâmetros: hidratação, geralmente verificada pelo turgor cutâneo, presença ou não de retração do globo ocular ou protrusão bilateral da terceira pálpebra (sinais típicos de um animal desidratado). A coloração das mucosas deve ser verificada, sendo a conjuntiva e a oral as mais acessíveis, investigando-se alterações como: hiperemia, palidez, icterícia e outras (Birchard and Sherding, 2008). 

     Quanto aos exames complementares no pré-operatório, os mesmos devem ser solicitados de modo seletivo, em função do exame físico minucioso, com o propósito básico de guiar e otimizar o cuidado perioperatório, levando em consideração as informações obtidas no prontuário do paciente, histórico clínico, exame físico, tipo e porte do procedimento cirúrgico (Mathias et al., 2006). 

     O hemograma gera informações relacionadas a todas as células sanguíneas, tanto relacionadas ao eritrograma quanto ao leucograma. O exame detecta de maneira simples e rápida a presença de anemia e suas características, aumento de glóbulos vermelhos, presença de infecções, alterações de número de plaquetas que interferem na coagulação e alterações morfológicas das células sanguíneas podendo indicar problemas pré-existentes dignos de uma análise mais avançada. O hemograma é considerado um exame muito importante na rotina clínica e por consequência para a rotina cirúrgica e pré-anestésica dando através da análise do leucograma, por exemplo, informações relacionadas a infecções pré-existentes que podem gerar a não realização da anestesia até que seja tratada ou diminuída contribuindo dessa maneira para a formação de um protocolo mais apropriado levando em conta as condições hematológicas do animal.

     O perfil bioquímico avalia principalmente o funcionamento dos órgãos rins e fígado, indicando alterações metabólicas por meio da dosagem de colesterol, glicemia; triglicérides; avaliação dos eletrólitos (potássio, cloro e sódio); dosagem de albumina; uréia e creatinina; FA (fosfatase alcalina); entre outras substâncias, sendo dessa maneira um exame muito importante para classificar o animal como hígido ou fora dos padrões para ser submetido a um procedimento anestésico por conta de alguma alteração subclínica.

     O Eletrocardiograma (ECG) tem como principal função monitorar a atividade elétrica do coração, mostra ritmos anormais (arritmias ou disritmias), detectar danos ao músculo cardíaco, batimentos cardíacos acelerados (taquicardias), desacelerados (bradicardias) e sopros cardíacos. Aliado a um exame físico e uma anamnese adequados, o ECG busca diagnosticar principalmente cardiopatias relacionadas ao sistema de condução do coração e dessa maneira classificar o animal quanto a segurança para que seja realizado um processo anestésico, no qual o animal não corra riscos, tendo em vista que animais cardiopatas possuem grandes exceções com relação a anestésicos, podendo agravar ainda mais os sinais clínicos cardíacos ou sistêmicos.

     A avaliação pré-anestésica feita de maneira correta, incluindo a anamnese, o exame físico e os exames complementares acarreta na redução de riscos durante a anestesia. 

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(Texto desenvolvido pela EMVEP Jr. da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos - USP)

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