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Artigos

Profª. Drª. Ana Carolina do Nascimento Alves

 

Página Inicial - Clinica Veterinária Jardim Botânico

Animais e as pesquisas científicas

 

Nos últimos dias várias notícias sobre a utilização de animais em experimentos científicos têm despertado opiniões diversas de muitas pessoas.

 

A experimentação animal é todo e qualquer experimento com animais cuja  finalidade é a obtenção de um resultado, seja de comportamento, medicamento, cosmético ou ação de substâncias químicas.

 

Infelizmente, direta ou indiretamente, as indústrias utilizam animais em seus processos de pesquisas e desenvolvimento de novos produtos. Podemos citar como exemplo não somente as indústrias cosméticas, mas indústrias de alimentos, humanos ou animais, que fazem uso de conservantes e outros aditivos que foram ou são testados em animais. Vários utensílios utilizados por nós no cotidiano têm componentes que foram testados em animais antes de chegar ao consumidor. Um tomatinho orgânico, para ser chamado de orgânico hoje, já passou por estudos e testes realizados com animais.

 

Todos se perguntam o porquê das indústrias testarem seus produtos em animais? Muitas substâncias ainda desconhecidas, como extratos vegetais ou medicamentos utilizados para cura de varias doenças, devem obrigatoriamente ser testados em animais antes de ser administrados aos humanos. O guia da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para estudos sobre segurança de medicamentos exige que os roedores sejam utilizados para esses testes, porém existem pesquisas que o teste deve ocorrer também em outra espécie de animal, como por exemplo, os cães.

 

Outra questão é por que muitas empresas de cosméticos investem em ciência de base nas áreas médicas e biomédicas? Ao pesquisar na internet pelo Pubmed, encontramos diversos trabalhos publicados por empresas de cosméticos, como L’oréal, Shiseido, Kao Corporation e muitas outras, sobre, por exemplo, melanoma, que é um câncer muito agressivo. Embora a incidência de melanoma represente apenas cerca de 4% dos tumores de pele, este é considerado o tumor cutâneo de maior importância, pois representa mais de 79% das mortes por câncer de pele. Muitos dos estudos sobre o melanoma seriam impossíveis sem o uso de animais, já que não há nenhum modelo artificial (in vitro) que reproduza toda a complexidade do organismo dos animais. Outros avanços semelhantes, atribuídos à experimentação animal pelos cientistas, são a transfusão de sangue, a cura da tuberculose, o tratamento da asma, o transplante de rim, o tratamento do câncer de mama - e a produção de todos os medicamentos atualmente comercializados. 

 

A regulamentação das pesquisas com animais foi feita no Brasil em 2008. Desde então, os laboratórios precisam submeter o projeto de pesquisa à regulamentação de um conselho de ética antes de dar início ao estudo. Especialistas avaliam a necessidade do uso do animal, e sugerem alternativas à sua utilização e formas de minimizar seu sofrimento. Segundo o Prof. Dr. Gilson Volpato, especialista em bem-estar animal do Departamento de Fisiologia do Instituto de Biociências da UNESP de Botucatu, a legislação do mundo inteiro, inclusive do Brasil, impõe que os cientistas forneçam as melhores condições possíveis aos bichos.

 

A pressão pelo fim do uso de animais em experiências científicas recai não apenas sobre a indústria farmacêutica, mas também sobre toda cadeia de produção. O desafio é enorme e exige esforço de governantes, pesquisadores e empresas para garantir um futuro próximo onde os animais não sejam mais utilizados como cobaias.

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